Videogame de estreia da Sony, PlayStation faz 15 anos.

No final do anos 80, a Sony nem sonhava com videogames. Foi com a insistência de um jovem engenheiro e pela decepção por ter sido traída pela Nintendo que a poderosa corporação japonesa embarcou no negócio, para se tornar líder já com o primeiro console que lançou.

O PlayStation saiu numa data enigmática: mês 12, dia 3, ano 4 da década de 90 (isso no Japão, pois os americanos esperaram até setembro de 1995 para por as mãos no console). A superstição deu certo, mas o que explica mesmo o sucesso do videogames são vários fatores tecnológicos e de mercados.

A paternidade do PlayStation é atribuída a Ken Kutaragi, o tal engenheiro que convenceu a Sony a entrar no ramo. Desde a década de 80, viu potencial dos videogames, e a primeira porta abriu ao trabalhar num chip de som - muito melhor que o da concorrência, por sinal - para o que seria o Super Nintendo.

Dessa aproximação saiu a conversa de a Sony fazer um CD-ROM para o videogame de 16 bits da Nintendo. Mas arrependida com os termos do contrato, a Nintendo anunciou na CES de 1991, nos Estados Unidos, que firmara uma parceria com a Philips para produzir um acessório de CD para seu videogame.

Esse é um dos protótipos do CD-ROM do Super Nintendo feito pela Sony


Diante da "traição", a Sony entrou na briga, e no começo de 1993 foi iniciado oficialmente o projeto PS-X. No fim do ano, foi formada uma companhia para cuidar do novo setor, a Sony Computer Entertainment, com 65 funcionários vindos da divisão de produção de jogos da Sony Music.

A era do 3D

Pode-se dizer que o projeto do PlayStation quebrou um paradigma, ao ter sua arquitetura voltada para o processamento de gráficos vetoriais, uma tecnologia que ainda era usada timidamente nos games, e corria-se o risco de não ser aceita em larga escala. Mas o sucesso de títulos como "Ridge Racer" e "Toshinden" abriu as portas e norteou o uso da nova técnica em 3D. Assim, venceu o Saturn, que tinha poucos recursos de gráficos poligonais, e o Nintendo 64, que insistiu nos cartuchos.

A utilização do CD como mídia também contribuiu para o sucesso da Sony. Primeiro, era mais barata para as produtoras de jogos, e, ainda, mais rápido para produzir cópias. Com isso, sempre que um título fizesse mais sucesso que o esperado, novas impressões podiam ser feitas com agilidade, ao contrário dos cartuchos.

Além disso, a Sony tinha bons canais de venda de CDs graças a Epic/Sony Records. Essas vantagens foram fundamentais para atrair produtoras de renome, casos da Square e Enix, donas das séries de RPG mais amadas no Japão: "Final Fantasy" e "Dragon Quest" respectivamente. Antes, essas companhias produziam principalmente para consoles da Nintendo.



Outra característica do PlayStation é a facilidade que tem para reproduzir vídeos. Quem mais se aproveitou dessa característica foi a Square, abusando de cenas não interativas em "Final Fantasy VII", lembrada como divisora de águas da série, quando passou a adotar esse estilo cinematográfico. Até hoje a produtora é conhecida pelas "cenas de CG [computação gráfica]". "Dragon Quest VII", por sua vez, não é dos melhores da série, mas é o best-seller do PlayStation no Japão (4,17 milhões no país).

Blockbusters

O primeiro videogame da Sony foi uma fábrica de clássicos, a ponto de roubar para si o título de sinônimo de videogame. Foi no PlayStation que surgiram franquias como "Resident Evil", "Tomb Raider", "Crash Bandicoot", "Tekken", "Soul Calibur" (antes chamado de "Soul Blade"), "Ace Combat", "Tony Hawk's Pro Skater", "Silent Hill" e "Gran Turismo". Aliás, o primeiro "Gran Turismo" é o maior campeão de vendas do videogame no mundo. São 10,85 milhões de cópias comercializadas. Hoje, muitos desses clássicos estão na PlayStation Store, e os títulos podem ser jogados tanto no PSP como no PlayStation 3.

O joypad do PlayStation era similar ao do Super NES, mas com quatro botões de ombro. Essa foi uma adição para facilitar os comandos em títulos em 3D, a acabou virando padrão. Em 1997, o videogame ganhou um novo controle, o Dual Shock, com dois direcionais analógicos e função de vibração. Foi tão bem aceito que, mesmo depois de dez anos, ainda é usado no PlayStation 3, com algumas poucas modificações. No ano 2000 foi introduzido um novo modelo do PlayStation, chamado PSOne, mais compacto. Todos os consoles da Sony passariam por, pelo menos, uma revisão de modelo que tornaria mais leve e menor (é o caso das edições "slim" do PlayStation 2 e 3).



Segundo a Sony, o PlayStation vendeu 102,49 milhões de unidades no mundo, se tornando o videogame mais popular até então. Perdeu somente para o seu sucessor, o PlayStation 2, prestes a bater 140 milhões de unidades.

CURIOSIDADES



O Pocket Station é uma mistura de cartão de memória com minigame, que saiu apenas no Japão. A ideia foi combater o VMU, que tinha a mesma funcionalidade no Dreamcast.

O nome PlayStation veio da época do CD-ROM do Super Nintendo. A tese mais aceita para a origem do termo é a contraposição à workstation, ou seja, estação de trabalho. O PlayStation, então, é uma estação de diversão.

Os discos do PlayStation eram pretos, para se distinguir dos CDs de música.

Um dos games de estreia do PlayStation, "Ridge Racer" tinha uma fase do clássico "Galaxian" - é de 1979 - na tela de loading que, se vencido, liberava todos os carros no jogo. Os clássicos de fliperama nas tela de carregamento era marca registrada dos títulos da Namco.

Aliás, "Ridge Racer" é tão compacto que, uma vez carregado, é possível tirar o CD de dentro do PlayStation.

O PlayStation era uma máquina voltada para gráficos poligonais e tinha poucas funcionalidades de visual em 2D, o que explica o desempenho ruim nesse tipo de jogo. Por isso, e pela falta de memória, games de luta como "X-Men vs. Street Fighter" e "The King of Fighters" eram muito melhores no concorrente Saturn.

O processador de vídeo do PlayStation ainda era rudimentar, e não fazia operações de ponto flutuante. O resultado são políginos com junções imperfeitas. Além disso, não havia correção de perspectiva, o que ocasionava distorções nas texturas.